Eu sei que abandonei tudo isso, eu sei que isso não é mais pra mim, eu sei que cançei dessa vida, dessa rotina, dessas vozes, dessa cidade estranha. Eu sei que eu tenho que continuar a viver, a olhar, a respirar, não me importar tanto com o que os outros sentem e pensam sobre mim, sobre o mundo. Meu dedos movem sozinhos, digitando, batendo nessas teclas, formando palavras e frases que nem eu mesma sei o significado de tudo isso. O tempo me mostrou que quando mais se espera mais se arrepende por ter perdido tempo. o mundo me mostrou que se você não cair de cara, você vai cair de bunda, se você não cair, você vai escoregar ou alguém vai te derubar, se você não se destruir, alguém irá fazer isso pra você. Não, não diga adeus, pois tenho a certeza que sem mim você não sabe nada, eu tenho certeza que antes de mim você era alguém bemmelhor do que agora, então vai embora, faça sua mala e não esqueça a escova de dente que está na caneca vermelha em cima da pia do meu banheiro. E me lembro de quando vim morar aqui com você, na sua casa bagunçada, cheia de manias e cheiro de flores, e eu coloquei tudo no meu lugar, eu tomei conta de tudo, eu te livrei de todas suas manias idiotas e coloquei outras mais idiotas assim, não tão idiotas, pois são minhas essas novas manias. Eu te ensinei a abrir as janelas e deixar o sol entrar, a apagar a luz quando está assistindo tv, a não mijar no banheiro mas só no vaso. Eu te ensinei a amar, e você me ensinou a cozinhar. Sabemos que o que aprendemos não foi nada disso, nós só nos acostumamos a acordar do lado de alguém ou do lado da cama vazia, acostumamos a ter alguém ou não andando pelos quartos. Acostumamos, acostumamos a dormir juntos, a viver juntos, mas em vidas separadas, sem amor nenhum.

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